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Jordi Sierra i Fabra – Batendo à porta do céu

Batendo à porta do céu

Autoria:
Jordi Sierra i Fabra

Editora:
Biruta

Ano de lançamento:
2014

Páginas (nº):
312
Ir trabalhar como voluntária em um hospital num país distante não é uma decisão fácil. Ainda assim, foi a escolha de Sílvia, uma jovem espanhola, estudante de medicina, que vai para a Índia. Além de se deparar com uma realidade muito diferente da sua, é colocada diante de situações extremas e conhece pessoas que se tornarão muito especiais. É uma experiência que muda sua vida e seu modo de pensar.

Já li vários livros sobre a Índia, que falam sobre a cultura local – a religião, o casamento por obrigação, as roupas, a dança, as festas. No livro do autor Jordi Sierra i Fabra, pude conhecer uma Índia diferente de tudo o que havia lido até então em outros livros fictícios. Batendo à porta do céu é um livro fictício, mas baseado em histórias reais, que conta um relato vívido e comovente de indianos que vivem na miséria, na escassez de recursos e falta de situações adequadas de higiene e moradia. É claro que não são todos os que vivem em meio a esse cenário, mas muitos deles presenciam isso em seu dia-a-dia.

Sílvia é uma moça de Barcelona, estudante de medicina e filha de pais cirurgiões renomados que, em busca de liberdade, independência e auto-suficiência, escolhe passar as férias de verão na Índia, sendo voluntária em um hospital. Com apenas 19 anos, foi uma verdadeira briga para sair de casa, pois seus pais não aceitavam que alguém como ela, que tinha tudo o que poderia querer, iria se arriscar a passar o verão inteiro em um fim do mundo, fazendo o trabalho que pessoas com menos oportunidades na vida deveriam fazer. Seguindo seu sonho, Sílvia contrariou a todos, entrou no avião e foi para a Índia, deixando uma vida toda para trás por alguns meses, inclusive o namorado complicado, Arthur, que não entendia sua mania de querer salvar o mundo.

A Dra. Elizabet Roca foi quem a recebeu no hospital, e também foi quem disse a Sílvia que a Índia modifica as pessoas. É impossível entendê-la, pois são muitas facetas, muitos contrastes. É possível apenas amar esse país. Tal qual disse Elizabet, a moça chegou ao país e voltou totalmente diferente. No meio desse caminho, descobriu a si mesma, às suas paixões e à vontade de salvar, não o mundo, mas às pessoas que nele precisam de ajuda. Também conheceu outras pessoas incríveis e entendeu que a Índia não apenas muda as pessoas por fora… ela muda, principalmente, no nosso interior.

Às vezes tenho medo de que a vida passe muito rápido, sem me dar tempo de fazer tudo o que quero. Outras vezes tenho medo de ser inútil, o que seria terrível pra mim. Não quero chegar ao último suspiro sem ter esgotado minhas possibilidades, sem saber que minha passagem pela Terra valeu a pena. Quero morrer saciada, e este, infelizmente, é um mundo que necessita que muitas pessoas se dediquem a ele.

Página 113

A dimensão das coisas é dada pelo tempo, mas não o tempo real, o que transcorre enquanto estamos vivendo situações, mas o posterior, o tempo em que paramos e olhamos para trás. A perspectiva é sempre a mesma.
Rapidez.

Páginas 291 e 292

Confesso que, de início, a protagonista me inspirou desgosto, pois, apesar de negar veemente, ela veio de uma família com dinheiro e, ao chegar à Índia, então, senti como se ela quisesse ser o centro das atenções, e isso me irritou um pouco. Mas, à medida que o país do Oriente fazia seu trabalho sobre ela, vamos descobrindo uma Sílvia totalmente diferente, e o melhor: as pessoas ao seu redor também mudam por causa da sua personalidade – pessoas tanto perto quanto longe, que reconhecem que a vida não era apenas o que eles conheciam.

É impossível prever o que vai acontecer nesse mundo em que as horas não existem, em que há somente fé, crença de que um dia as coisas irão melhorar. Se não, sempre haverá essas pessoas, esses voluntários que dão sangue para salvar uma parte do mundo que nasce sem chance alguma. Leitura muito recomendada (e nem preciso falar do quão linda é a diagramação, né?), Batendo à porta do céu é um livro que merece ser mais difundido para os ocidentais presos demais às suas crenças e a todos que desejam desgarrar-se de seus mundos e conhecer outros.

É preciso acreditar sempre. Se deixarmos de acreditar, tudo se acaba.

Página 71

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  • Renata Carvalho

    Oi Gabi! Esse livro me pareceu ser um banho de água fria nas pessoas que só estão acostumadas com o seu mundinho, seja ela muito bom ou muito ruim, afinal, a vida não é só aquilo que a gente conhece.
    Parece ser muito boa a história, e se a capa é diferente assim, a diagramação deve ser muito bonita mesmo.
    P.S.: Adoro suas resenhas, você escreve muito bem! *-*

    Beijos,
    Livro de Memórias

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    • Gabi Orlandin

      Renata, fico feliz em saber que você gosta das resenhas. *-*
      A diagramação é bem bonita nas trocas de “partes” da história, com folhas coloridas. Lindo, lindo.
      Beijos.

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  • Jessica M

    Gabi, eu adoro histórias assim, e também essas que envolvem outras culturas, que a gente pode conhecer um pouco do mundo sem sair do lugar.
    Sua resenha ( como todas as outras [heart] [heart] ) me convenceu, já foi pra wishlist!
    Beijos!

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